25 agosto 2010

Futebol re-filmado

Os franceses que adoram cinema e futebol fizeram uma paródia do jogo da semifinal do Campeonato do Mundo de 1982, entre França e Alamanha. Em Refeit, cada momento dos últimos 15 minutos da partida foi reconstruído e transportado para o cenário urbano, com precisão meticulosa e muito bom humor. O filme desperta sorrisos justamente pela incrivel atenção a certos detalhes, ao mesmo tempo que aparenta total descontração a outros. Genial.

Refait from Pied La Biche on Vimeo.

13 agosto 2010

Os Gémeos

Otávio e Gustavo Pandolfo, nascidos ambos de um mesmo parto em São Paulo no ano de 1974, OSGEMEOS, é como são conhecidos. Vanguarda e tradição se misturam na StreetArt brasileira e expõem bem no Centro de um Rio de Janeiro arte poderosa e vertiginosa ao alcance dos olhos abertos ao maravilhoso.
Pela primeira vez expondo dentro de um museu – havia já exposto do lado de fora do Tate Gallery, em Londres – os irmãos inauguram no Colecção Berardo em Lisboa a exposição Pra quem mora lá, o céu é lá, seleção de painéis e instalações, muitas interativas, que se espalham por duas salas e transbordam pelas ruas da capital portuguesa em um gigantesco mural feito sobre um prédio sem janelas.
Otávio e Gustavo Pandolfo são realmente gêmeos, idênticos. Aos 12 anos, munidos de spray, vidros de desodorante, hiphop, tinta de carro e daquele credo adolescente de que se é intocável em um mundo ilimitado, produziram seus primeiros traços e personagens. A referência era e ainda é a cidade, é São Paulo diluído, tocado fogo e adocicado – tudo ao mesmo tempo – dentro de duas mentes cuja compreensão mútua nos escapa, Osgemeos tinham já ali seu universo de expressão que, com velocidade, foi se tornando maduro, original e reconhecível.
Em 1993, pensando na possibilidade de viver do graffiti, os irmãos começaram a desenvolver trabalhos lá e aqui, decorando escritórios, publicidades e revistas. Mas o estilo latente carecia de referências para além dos metros e pichações urbanas. Elas vieram com o californiano Barry McGee, o Twist, que realizava um intercâmbio no Brasil e lhes apresentou o cenário mundial do grafite, técnicas e vastas possibilidades.
Saíram então para sua primeira viagem pelo país, colhendo material e aprimorando e amadurecendo um estilo que se provaria único. O reconhecimento internacional não tardou e logo estavam com seus homens amarelos em Miami, Amsterdão e Londres. . http://obviousmag.org/archives/2010/06/pra_quem_mora_la_o_ceu_e_la_o_brasil_de_osgemeos_e.html

11 agosto 2010

Parkour-arte em movimento

Aqueles que conhecem bem o parkour, ou PK, sabem que não é uma actividade nova nem sequer exclusivamente urbana. As suas primeiras manifestações remontam ao início do século XX embora só muito recentemente a sua prática se tenha difundido e tornado conhecida. Para isso muito tem contribuído a prática de David Belle que, através das suas performances extraordinárias e da sua divulgação mediática, elevou incontestavelmente o parkour ao estatuto de arte. O parkour é uma actividade que tem como principal objectivo o deslocamento rápido e a ultrapassagem de obstáculos de uma forma suave e eficaz sem nenhum outro recurso que não o próprio corpo. Tendo uma forte componente física, possui também uma dimensão espiritual, em que os obstáculos representam simbolicamente as dificuldades que são necessárias vencer na vida com a mesma eficácia, sabedoria e abnegação. Nesse aspecto possui grande semelhança com as artes marciais.
Força, agilidade, flexibilidade, rapidez e tenacidade são portanto algumas das qualidades necessárias a esta actividade e David Belle exibiu-as desde novo. Após uma série de experiências entre as quais se contou uma aprendizagem de Kung Fu, decidiu registar as suas performances de destreza e agilidade em vídeo. O sucesso foi rápido. Desde então participou em vários filmes quer promocionais quer para o cinema. Com David Belle o parkour tornou-se conhecido mundialmente http://http://obviousmag.org/archives/2009/05/david_belle.html

05 agosto 2010

Cidades de metal de Peter Root

Onde alguns vêem apenas um utensílio de trabalho vulgar, frequentemente utilizado para arquivar toda a espécie de documentos, outros vêem o verdadeiro potencial do design. E não é isso que distingue os artistas dos comuns mortais? As instalações do norte-americano Peter Root provam isso mesmo: "Ephemicropolis" é uma composição artística conseguida unicamente a partir de grampos de diferentes tamanhos, utilizados para criar a ilusão de uma mini metrópole, verdadeiramente feita de metal. A montagem da instalação só ficou concluída após 40 horas de minucioso trabalho. Esta "Ephemicropolis" é composta por um total de 100 mil grampos, utilizados individualmente ou em aglomerados até 12 centímetros de altura, e foram arranjados em diferentes tamanhos, simulando da forma mais real possível o contraste de alturas entre os edifícios que se encontram numa grande cidade como Nova Iorque. A predominância é dada, claro, às grandes estruturas verticais, à semelhança dos arranha céus. A instalação de Peter Root representa muito literalmente o que hoje entendemos por cidades de betão e aço, essas metrópoles que poluem a linha do nosso horizonte com construções que cada vez mais nos relembram a pequenez e a fragilidade do ser humano. Ironicamente, aqui acontece exactamente o oposto em termos de escala: agora somos nós que olhamos de cima para essa minúscula cidade; agora é ela que se encolhe perante a nossa presença. O nome desta fantástica composição, "Ephemicropolis", aparenta ser um piscar de olho ao conceito de efémero, quase troçando do prazo de validade imposto a todas as coisas materiais que, mais cedo ou mais tarde, acabam por se desgastar. Contudo, o artista parece querer revitalizar e reciclar - usando um termo que está agora nas bocas do mundo - esses mesmos materiais.

http://http//obviousmag.org/archives/artes_e_letras/